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Um dia, a menina cresceu. E aprendeu a ler na entrelinhas: elas guardam muito mais significado que o que é dito explicitamente.
Não se sabe exatamente quando, mas ela passou a desconfiar de tudo e de todos. Talvez, seja apenas o resultado de já ter sido vítima da crueldade humana. Não da crueldade física, mas da vileza do caráter.
De repente, ela entendeu que as pessoas têm segundas intenções. E perdeu sua ingenuidade.
Em algum lugar perdido no tempo, ficou sua capacidade de se importar. Agora, nenhuma raiva, desapontamento ou preocupação dura mais que 72 horas.
E, com toda essa indiferença, ela aprendeu a ser feliz. Descobriu que a felicidade está em não depender dos outros — seja de suas atitudes ou aprovação — para se sentir bem.
No fim, entendeu que o que vale mesmo é ter a consciência limpa e a alma em paz.

Sumi

Às vezes, tenho uma saudade danada de escrever, de vir aqui e soltar tudo que se passa na minha cabeça... tenho vontade de sair correndo, criar um blog com meu nome verdadeiro e botar a boca no trombone. Mas por que eu não faço isso? Simplesmente porque é muito desgastante...
Não gosto de gente bisbilhotando a minha vida e, do jeito que sou impulsiva, na hora da raiva eu vou lá, desabafo, e depois me ferro...
E por que eu escrevi tudo isso agora? Só porque não consigo dormir...

Um protesto por melhores sapatos

Nós, mulheres modernas, que precisamos nos desdobrar para ser profissionais, mães, namoradas, amigas, donas-de-casa, etc., temos uma rotina bastante estressante de "embelezamento".

Não é fácil estar sempre com os cabelos impecáveis, unhas bem feitas, pele macia, depilação em dia, roupas elegantes, etc.².

E nesse contexto entra um item fundamental da produção feminina: os sapatos, é claro. E quando o assunto são sapatos, começa o inferno na Terra. Porque sapato feminino, ou é bonito, ou é confortável. As duas coisas juntas, jamais!

A equação é simples: quanto maior e mais poderoso o salto, mais machuca o pé. Aí tem aquele evento superimportante no seu trabalho, e você capricha no visual, estreia aquele scarpin ou peep toe maravilhoso, fica uma diva. Mas seus pobres pezinhos sofrem.

Primeiro começam a doer os dedinhos, esmagados no bico fino. Depois, a costura começa a cortar a pele (por que diabos não fazem costuras mais macias??). Por fim, a planta do pé parece que foi marretada, devido a suportar peso por tantas horas.

Sem contar o ossinho atrás do pé... no meu caso, não tem UM fuckin' calçado que não arranque a pele ali atrás. E haja Band-Aid® para tanto machucado.

Quando se trata de sandálias, a coisa fica pior ainda. Aquelas tirinhas fininhas, tão lindas e delicadas, são uma arma mortal contra o nosso bem-estar e conforto.

E aí vocês vão perguntar: por que é que compra, então, se machuca?? Mas quando a gente prova o calçado na loja, tudo é lindo, perfeito. Só que quando vamos usar o sapato de verdade, bastam dez minutos caminhando com ele para os pés incharem, e tudo começar a doer. E não adianta passar vela, creme hidratante, colocar algodão... sempre vai ter uma parte do pé que será massacrada... aí, não tem beleza que aguente, meu amigo. Às vezes, eu fico me perguntando como algumas mulheres conseguem manter tanta elegância sobre um par de saltos-agulha altíssimos. Para mim, cada passo é um suspiro de dor.

Aí, tem aqueles calçados que são megaconfortáveis — mas nem sua avó usaria uma coisa tão feia para ficar em casa.

Se eu pudesse, viveria de All Star®, mas não é toda situação que permite tamanho despojo... então, assim vamos vivendo, sofrendo, mas sem descer do salto, literalmente!!

Emptiness.

Eu comi. E o vazio não era fome. Eu dormi. E a moleza no corpo não era sono.
Eu me diverti. Mas a inquietação não era tédio. Eu namorei. Mas as lágrimas não eram de saudade.
No fundo, uma coisa não preenche o vazio da outra. Que, neste caso, foi a demissão inesperada.
Dois anos e dois meses dedicados a uma empresa. Sábados, domingos, feriados. Manhã, tarde e noite. Natal, aniversário, dia das mães. Não tinha dia e não tinha hora. Quando fosse preciso, lá estava eu, funcionária dedicada, sempre perfeccionista, sem medir esforços para cumprir a missão de cada dia.
Mas uma crise administrativa balançou completamente as estruturas da empresa há pouco mais de seis meses. Salários sempre atrasados foram deixando o clima tenso. Os problemas da administração interferiram na vida dos funcionários e transformaram o dia a dia num verdadeiro inferno.
Colegas de cara virada por pura incompreensão e egoísmo. O medo rondando. A paranoia constante.
Até que um belo dia o chefe me chama em sua sala. "Haverá muitos cortes. Mas você não precisa se preocupar, pois o critério será a competência, e você é a pessoa para quem olhamos como tendo uma trajetória de crescimento aqui dentro", foram suas palavras.
Saí aliviada, apesar da tristeza de saber que alguns colegas teriam seus empregos tirados.
Porém, coisas estranhas aconteceram. Pressões de todo lado. E de repente eu entrei na lista.
"Temos que fazer cortes, e sairão os mais novos", a funcionária do Financeiro falou. "Se fosse por critério de competência, você não estaria na lista, mas infelizmente não temos como pagar a rescisão dos antigos", o auditor completou.
Nessa hora, a competência e a dedicação não valeram nada. Só enxergaram em mim (e em mais alguns desafortunados) as sifras. E uma conversa de cinco ou dez minutos — mas que pareceu uma eternidade — virou minha vida de ponta cabeça.
Ainda voltei para minha mesa, terminei o que estava fazendo e comecei a recolher meus poucos pertences. Uma caneca, agendas, um enfeitinho de mesa, uma garrafinha de beber água, e mais alguns objetos sem muita importância. Em meio à sensação de "estar perdida", sem saber o que fazer, esqueci alguns arquivos no computador, dos quais precisarei, e mais alguns objetos pessoais.
Não cumprirei aviso prévio. Cheguei para trabalhar num dia normal, e ao final dele me despedi de alguns colegas queridos sem poder dizer o tradicional "até amanhã".
O choro era iminente, e saí meio correndo antes que isso acontecesse.
Todos me dizem para manter a calma, que sou competente e logo encontrarei outra coisa (ou "algo melhor", como insistem em argumentar). Pode até ser. Mas o choque foi grande. E demonstrou o quanto a contabilidade de uma empresa pode ser cruel — e pode sacrificar sonhos, projetos, massacrar a autoestima e a autoconfiança, desestabilizar uma vida...
No fim, that's all about money.

Lost...


Queria ser como os poetas, que transformam sua dor em arte. Ou como os músicos, que se fazem eternos mesmo com sua tristeza. Quem me dera até mesmo se soubesse desenhar, ou pintar, ou esculpir, tricotar. Qualquer coisa em que eu pudesse extravasar meus sentimentos.


Mas não fui abençoada com dom artístico algum.


E as minhas dores preciso enfrentar sozinha. Quieta. Num canto. Porque não encontrei uma válvula de escape adequada. Às vezes, essa dor se transforma em raiva, e aí outros sofrem junto comigo. Mas isso não alivia. Só piora.


Preciso de novos ares, mudanças. A carga está a cada dia mais pesada, e não sei até quando vou aguentar.


Meu pai sempre diz que a vida é dura pra quem é mole. E eu nunca fui mole. Mas acho que agora a vida endureceu demais comigo.


Não sei quando foi que me perdi de mim mesma, quando fui abduzida por este mundo ingrato.


Sei que me sinto sufocando, e preciso muito respirar. Preciso ter liberdade para ser, agir, pensar, falar.


Não sei viver enclausurada num mundo de amargura e falsidade. Não sei pisar em ovos. Meus passos sempre foram largos, rápidos e firmes.


Tenho buscado alternativas, procurado uma saída, mas a luz no fim do túnel ainda parece muito distante.


Enquanto eu era só uma rebelde sem causa, estava tudo bem. Mas minha rebeldia se esvaiu, e as causas hoje são muitas...



Difícil

Há tempos não escrevo aqui, o que sempre me deixa com um apertinho no coração, pois tenho muitos leitores especiais, dos quais gosto muito e sempre apreciei acompanhar seus blogs também. Mas digamos que a vida anda me dando umas quantas pauladas ultimamente.

E uma das coisas que mais me doem é a crueldade humana. Digamos que recentemente tive uma atitude que muitos dos meus colegas de trabalho não compreenderam. Em resumo, foi algo muito difícil, mas a decisão que tomei acredito ter sido a mais correta no momento. E sabendo que não posso agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo, tive de agir racionalmente, mesmo com o coração na mão.

Por conta disso, alguns deles agora me tratam como um desafeto. Na verdade, não me tratam. Alguns fizeram a lei do silêncio comigo, como se eu tivesse cometido um crime. Não fiz nada para prejudicar ninguém, pois jamais tomaria qualquer atitude com essa intenção. Mas o que as pessoas não entendem é que cada um é responsável pela sua própria vida, e muitas vezes precisamos encarar as consequências de frente, assumindo nossa parte na cagada, e não tentando achar culpados.

Mas é muito mais cômodo jogar a culpa em alguém. Especialmente se esse alguém é mais novo que você e vem se destacando com méritos próprios, simplesmente pelo próprio esforço, sem nenhum tipo de protecionismo. Para algumas pessoas, é difícil entender e principalmente aceitar isso. Com isso, deixam-se tomar pelo rancor, pelo ódio, e tomam atitudes diferentes daquilo que pregam.

Até tentei conversar, mas não me deram chances. Só vieram com as pedras na mão e com as línguas afiadas espalhando boatos maldosos, fazendo picuinhas cruéis. O pior é que as injustiças vêm até mesmo de quem eu não esperava.

E nessa situação, eu tenho que continuar lutando, dia após dia, contra todos os motivos que já me desmotivavam antes, e ainda tendo que aturar a hostilidade alheia. Só não me perguntem até quando vou aguentar, pois isso realmente é imprevisível.

Perseguição

Diante de uma situação tão tenebrosa pela qual passei hoje, não vi outra alternativa a não ser vir compartilhar isso com vocês.

Sei que este post deverá causar diversas reações, assim como a situação causou em mim — é claro que vivenciar é bem pior que ler.

Na verdade, seria cômico se não fosse trágico, mas chega de enrolação e vamos aos fatos.

No meio da tarde, eu estava no trabalho e resolvi descer para dar uma mijadinha ir ao toilet, e mal podia imaginar o que me esperava lá...

Ao entrar, deparei-me com a visão do inferno. Um cara barbudo, cabeludo e igualmente peludo em todo o corpo, sem camisa, em frente à pia, secando o sovaco as axilas com o papel toalha de enxugar as mãos.

O detalhe é que hoje fez um calor desumano, e, por conseguinte, o indivíduo estava extremamente suado, pingando, eu diria. Vocês podem imaginar o fedor de um ônibus cheio de pedreiros às 18h30. Aliás, acho que isso ainda seria menos desagradável que o odor de gambá em decomposição que eu senti ao adentrar o toilet.

Na maior naturalidade, ele disse: "Ah, aqui é o feminino? Achei que era o masculino". Mas o ponto é que ele não saiu! Continuou lá em seu ritual de higiene (?)

O pior de tudo é que, ao entrar, eu fiquei tão sem reação que entrei em uma das "casinhas" do banheiro e fiquei esperando ele sair, para poder, então, satisfazer minhas necessidades fisiológicas. Não consegui sequer balbuciar uma única palavra, tamanha a minha perplexidade.

E ele ficou ali por mais um tempo, exalando aquele cheiro abominável e secando a réplica de Tony Ramos que é o seu corpo.

Até fiquei me indagando se eu estava sofrendo de algum tipo de alucinação ao imaginar que havia uma plaquinha na porta diferenciando o banheiro feminino do masculino. Mas, não, realmente a sinalização é bem clara, e acredito que até meu vira-latas saberia que ali é lugar de "menina".

O pior é que aquela podridão impregnou no banheiro, e eu saí de lá desesperadamente atrás da senhora da limpeza, implorando para que jogasse álcool, água sanitária, soda cáustica, ou o que fosse preciso para tirar aquela catinga de lá.

Para variar, esse "incidente" murphyano desencadeou uma enxaqueca torturante que há algum tempo eu não tinha, e meu estômago parece fazer os movimentos de uma roupa na máquina de lavar.

Agora, alguém me explica isso? Porque eu juro que não entendi.
Sou sempre eu mesma, mas não sou sempre a mesma!.
 
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